quinta-feira, 10 de julho de 2014

PEDAGOGIA DA AUTOESTMA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO -TCC


PEDAGOGIA DA AUTOESTIMA






Doris Lima de Souza







RESUMO



Este artigo tem como objetivo principal discutir subsídios e hipóteses nas áreas da pedagogia e psicologia, na integração entre autoestima e aprendizagem no processo educativo. O ser humano não está pautado somente em aspectos cognitivos, mas principalmente, afetivos. Por isso os alunos são elementos importantes para que se observe e questione o convívio escolar, professor-aluno, aluno-aluno. Nesse contexto, é necessário trabalhar a autoestima do aluno, pois o comportamento e o aspecto afetivo influenciam sobre o desenvolvimento intelectual dele, uma vez que pode acelerar ou diminuir o ritmo de aprendizagem.O sentimento afetivo está intensamente ligado à construção da autoestima, assim, a relação entre professor e aluno deve ser próxima, pautada no respeito mútuo, considerando que desenvolvido o afeto, a aprendizagem, a motivação e a disciplina são conquistas significativas e eficientes. A tarefa do professor como educador é proporcionar a aprendizagem a todos os educandos e dar condições para que todos aprendam, não há dúvida de que é uma tarefa complexa e, por isso, demanda investimentos na formação continuada do professor, para que ele reflita, tenha segurança, autonomia e realize uma prática pedagógica que contribua para o bom desempenho escolar. Assim o professor anseia por mudanças significativas na educação mudanças e a implementação de novas metodologias de ensino que insiram o aluno numa vida escolar digna, em que a escola seja um ambiente aberto ao debate da cidadania, da liberdade, da responsabilidade, da justiça social e do respeito. Por fim, uma organização que aprende e que é capaz de ensinar, todos os alunos, respeitando suas individualidades e particularidades.





Palavras-chave:autoestima; pedagogia; professor-aluno; família; ensino-aprendizagem.



1- INTRODUÇÃO



Uma atenção especial tem sido dada, ultimamente, por diversas áreas da Educação e da Psicologia, à questão da autoestima no processo educativo, como aspecto facilitador à aprendizagem.Quando falamos em afetividade e autoestima a creditamos que uma escola construída à partir de respeito, compreensão e autonomia de ideias. A participação da criança no processo de aprendizagem pressupõe o desenvolvimento da inteligência, da socialização, do enriquecimento motriz do espírito de decisão e, especialmente, de uma elevada autoestima. Mas o que vem a ser a autoestima?Ela está relacionada à maneira com a qual a criança se vê perante a si mesma. É a visão global que constrói sobre ela mesma e a avaliação que ela faz de si a partir de sua própria percepção. As mensagens que a criança recebe durante toda a sua vida são responsáveis pela construção da autoestima.

São visíveis, no espaço escolar, os sinais de ocorrência da baixa autoestima apresentados pelos alunos, como o desinteresse pelas aulas e atividades, notas baixas, cansaço, dificuldade de convivência, complexo de inferioridade, tristeza, sentimento de culpa agressividade e timidez; um caminho inverso da capacidade desenvolvida socialmente, descrita por Tiba (2002). Para a construção da autoestima, deve-se criar um clima de confiança, que faça com que o aluno sinta-se aceito, acolhido, compreendido e respeitado. Sabe-se que os alunos aprendem melhor quando estão satisfeitos com sua autoimagem, e quando mantém bons sentimentos, com relação à escola e a si mesmo. Por isso, o professor torna-se um referencial, que poderá contribuir de forma positiva ou negativa ao processo educativo por estar diretamente ligado à criança em seu cotidiano escolar.



2-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA



Na busca do conhecimento, estabelecemos relações com objetivos físicos,

concepções ou outros indivíduos. Afeto e cognição se constituem em aspectos



inseparáveis, estando presentes a qualquer atividade a ser desenvolvida. O afeto e a inteligência se estruturam nas ações e pelas ações dos indivíduos. Alguns educandos atualmente apresentam um comportamento de desinteresse em realizar as atividades propostas pelo professor. Sempre estão indisciplinados e de certa forma acabam prejudicando o desenvolvimento, inclusive, dos outros colegas.

A postura pedagógica do professor diante da turma é muito importante. O professor tem a tarefa de criar condições que direcione a atenção do aluno a uma aprendizagem significativa e amplie sua capacidade de ação e reflexão no meio em que vive. .A formação da autoestima que é uma construção de grande importância no relacionamento da afetividade faz com que a criança encontre-se em pleno estado emocional para assim estar aberta às relações externas.

O processo de desenvolvimento da autoestima mantém relação estreita com a motivação ou interesse da criança em aprender. As crianças têm extrema necessidade de comunicar-se. Elas precisam ser ouvidas, acolhidas e valorizadas.O princípio norteador da autoestima é o afeto. Quando desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem e a motivação tornam-se conquistas significativas para o autocontrole do aluno e seu bem-estar escolar. Isso vem ao encontro de Bean, que entende que,



A elevada autoestima estimula a aprendizagem. O aluno que goza de elevada autoestima aprende com mais alegria e facilidade. Enfrenta as novas tarefas de aprendizagem com confiança e entusiasmo.Seu desempenho tende a ser um sucesso, pois a reflexão e o sentimento precedem à ação, demonstrando “firmeza” e expectativas positivas,diferente de um que se sente incompetente, fracassado. (BEAN,1995, p:32).



É, sem dúvida, imprescindível que para o aluno participar ativamente das atividades em sala de aula, estas devem estar embasadas em metodologias que estimulem o aluno a participar, questionar e entender o conteúdo, alcançando o objetivo proposto pelo professor.

Para a autoestima ser efetivada, a ação docente precisa explorar suas capacidades e aperfeiçoar a qualidade de seu trabalho tendo conhecimento da sua importância na educação dos seus alunos. Assim o professor deve proporcionar atividades que tenham sentido para o aluno.

É importante ressaltar que para a autoestima ser um fator que estimule o interesse do aluno para a leitura e a escrita, o professor precisa compreender como trabalhar com os conteúdos e relacioná-los com a realidade da turma. Esta é uma aprendizagem significativa. Para que o trabalho do professor na sala de aula seja significativo, ele precisa conhecer a própria prática pedagógica, além de saber intervir junto aos alunos que apresentam determinadas dificuldades. De posse do conhecimento sobre educação e sobre a importância de colocar o aluno como sujeito da aprendizagem, o desenvolvimento, principalmente .da leitura e escrita, poderá ser realizado na escola com mais facilidade.

Valorizar a prática reflexiva na escola significa, entre outras coisas, assumir uma postura de que ser professor não é um simples oficio e que sua valorização depende também de própria atuação. Paulo Freire (1989) afirma que o professor deve valorizar o aluno, promovendo o diálogo e a observação em sala de aula. Sobre as proposições acima, Garcia (2003) afirma que a valorização do educando gera ações saudáveis e sem repressão. Para ela, é importante que o professor acredite nas possibilidades e capacidades do aluno para que haja o bom desenvolvimento da autoestima das crianças.

A proposição de que trabalhar a autoestima dos alunos deve ser uma das ações centrais do professor, tais como, propor em sala de aula trabalhos que levem em consideração o que os educandos sabem, valorizar as informações trazidas de casa e desenvolver o processo de ensino-aprendizagem com base nesses conhecimentos, são caminhos para se fazer com que o nosso ensino ganhe sentido e com que a criança se sinta valorizada na relação professor-aluno.

Para Oliveira (1988), o aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento, e determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará e, na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo que se desenvolvem paralelamente. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos,tendências, valores e emoções em geral.

O desenvolvimento humano não está pautado somente em aspectos cognitivos, mas principalmente em aspectos afetivos. Portanto a sala de aula é o ambiente escolar que o professor tem a oportunidade de observar e questionar para fortalecer a relação do professor com os alunos.

Sabe-se que o ser humano tem grande necessidade de ser ouvido, acolhido e valorizado contribuindo dessa forma para uma boa imagem de si mesmo. Além disso é preciso ousar para ensinar com os sentimentos de emoções, medos, dúvidas, com a paixão e também com a razão crítica. Neste sentido, a afetividade está intimamente ligada à construção da autoestima e a sua importância está em toda relação e é essencial para os sujeitos envolvidos,ocasionando então a relação entre professor e aluno, que deve ser mais próxima possível, pautada em partilha de sentimentos e respeito mútuo das diferentes ideias.

Porém a tarefa de educar deveria ser para a maioria das famílias e professores, uma função tão natural quanto respirar ou andar. No entanto, educar apresenta em suas ações familiares e educacionais, e dentro de teorias consideradas ideais, uma complexa tarefa a ser desempenhada.

O contato com diferentes grupos sociais possibilita a construção do autoconceito da pessoa. A família e outras pessoas que convivem com a criança, fazem parte do seu primeiro grupo social, seu contato afetivo, que pode ser tanto positivo como negativo, influenciando no futuro desta criança. O autoconceito que essa criança terá de si refletirá em suas ações e na forma como será tratada ou mesmo percebida pelos outros.



3 - PEDAGOGIA DA AUTOESTIMA



No momento em que a criança ingressa na escola e tem uma visão negativa de si, demonstra comportamentos diferentes dos demais colegas como, agressividade, desinteresse ou revolta, quase sempre é considerado preguiçoso, desatento, irresponsável, ou seja, "aluno-problema" e, automaticamente seu desempenho escolar apresenta-se comprometido. De acordo com teorias da inteligência emocional o professor precisa desenvolver algumas habilidades, como a percepção das emoções das crianças e de suas próprias emoções; e reconhecer que a emoção é uma oportunidade de intimidade e orientação; ouvir os sentimentos das crianças com empatia , ajudá-las a verbalizarem suas emoções, impor limites e ajudar sempre que possível as crianças a encontrarem soluções para seus problemas. Por isso, a escola, enquanto segmento de grupo social que constrói diferentes relações, deve propiciar melhores condições de aprendizagem, selecionando atividades e posturas necessárias, que promovam o resgate da autoestima do aluno.

O afeto é o princípio norteador da autoestima. Após desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem, a motivação e a disciplina como 'meio' para conseguir o autocontrole da criança e seu bem-estar são conquistas significativas.

O aspecto afetivo tem grande importância e influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento, também pode determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará.

Na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral. Piaget aponta que há aspectos do afeto que se desenvolve.

O afeto apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos (amor, raiva, depressão) e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas). Na sua visão, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência. E é responsável pela ativação da atividade intelectual.

A autoestima infantil é a configuração organizada da sua própria imagem, que

as crianças vão identificando a partir da percepção das suas capacidades ou das suas limitações. Esta configuração facilita, ou dificulta o modo de se conduzirem face aos demais.

A autoestima é para a criança o seu retrato consciente, a sua autenticidade, o modo como se considera a si mesma, o que espera de si e da sua capacidade; é o seu cartão de identidade interior.

A meta de qualquer educador é fazer com que todos aprendam. Mas cada aluno se expressa de um jeito próprio, revela características únicas, comporta-se de forma independente, tem um ritmo de aprendizagem que não é igual ao de nenhum outro. Se você não dedicar energia e tempo para compreender essas particularidades, correm sérios riscos de contribuir para o fracasso escolar.

Não há dúvida de que é uma tarefa complexa conduzir várias cabecinhas diferentes numa única sala de aula. Identificar essas diferenças e criar oportunidades para que todas cresçam juntas é o primeiro passo rumo a uma educação de sucesso. Quem age assim faz com que haja uma troca de repertórios e abre a possibilidade de ajuda mútua. Assim, cada um melhora individualmente e todos aprendem.

O primeiro passo para trabalhar dessa forma é uma autoavaliação. 'Dedicar muita atenção às próprias atitudes. A maneira como se posiciona na classe, por exemplo, influencia o comportamento da turma.

A acumulação de experiências, juntamente com os ideais e valores adquiridos através da educação, incorporam-se à personalidade do indivíduo até formar uma estrutura organizada que lhe permite atuar com maiores ou menores garantias, e alcançar um ou outro grau de bem-estar interior.

Deste modo forma-se uma "hipótese", sempre provisória e melhorável da própria realidade individual. É, portanto, de suma importância que as crianças adquiram uma imagem pessoal positiva e estimulante. Também devemos recordar que a autoestima derivada do autoconhecimento (autoconsciência) é o único atributo exclusivo do ser humano, e distingue-o dos demais seres biológicos, os quais desenvolvem as suas diferentes condutas sobre a base de instintos, condicionamentos genéticos ou tendências automáticas de ataque ou defesa.

Para OLIVEIRA (1998), o aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Atualmente sabe-se que podemos acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento, e determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará e, como já citado que na teoria de Piaget, que o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo que se desenvolvem paralelamente. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral.

SEBER (1997), afirma que dentro da teoria de Piaget, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência e, é responsável pela ativação intelectual. Com suas capacidades afetivas e cognitivas expandidas através da contínua construção, as crianças tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos validados nelas mesmos. Neste aspecto, a autoestima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender. O afeto é o princípio norteador da autoestima. Desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem, a motivação e a disciplina tomam-se conquistas significativas.

.Muitos autores constatam que a autoestima adequada na infância desempenha um papel decisivo no bem-estar psicológico posterior. As pessoas que tiveram uma infância feliz, não importando a sua origem étnica ou social, costumam ser otimistas, dinâmicas e triunfadoras.

A experiência da criança em busca da sua própria identidade começa desde que nasce e aumenta com o seu lento desenvolvimento. Neste aspecto, a autoestima mantém uma estreita relação com a motivação e com o interesse da criança para aprender sob o efeito do ambiente que a rodeia, componentes estes que deveriam guiar os pais e professores para ajudar as crianças a aceitar o seu aspecto físico das lições que os pais lhe dão nas pequenas atividades cotidianas. Deste modo se constrói uma cadeia que permite o desenvolvimento e o crescimento da criança até chegar ao seu autoconhecimento e a uma maturação plena. É certo que quando falamos de desenvolvimento, não nos referimos apenas à parte biológica, mas também à psicológica, à social, à moral e à espiritual.

Segundo BEAN etaI, (1995), a autoestima afeta o aprendizado. As pesquisas sobre a autoimagem e o desempenho escolar mostram a forte relação entre a autoestima e a capacidade de aprender. A elevada autoestima estimula a aprendizagem. O aluno que goza de elevada autoestima aprende com mais alegria e facilidade, enfrenta as novas tarefas de aprendizagem com confiança e entusiasmo. O desempenho bem-sucedido reforça seus bons sentimentos. A cada sucesso alcançado, ele se considera mais competente.

Na escola a afetividade é fator preponderante para a construção do autoconceito do aluno. Esta vem sendo abordada com mais intensidade nos espaços escolares porque a violência, a agressividade e o desrespeito vivido hoje pela maioria das pessoas podem ter causas de fundo afetivo familiar ou social, por conta da falta de valorização da pessoa como ser humano. Desta forma, inevitavelmente, seu autoconceito é alterado.

A compreenção das atitudes do aluno por parte do professor mediante o período de construção das relações afetivas e respeitando os seus limites e capacidades contribuem a todo o momento para a construção de sua autoestima a fim de que o aluno no final do processo de aprendizagem possa estar capacitado a lidar com seus próprios sentimentos e em relação ao outro.

Atualmente na tentativa de mudanças das práticas pedagógicas, algumas escolas começam a investir na formação do professor, buscando referenciais teóricos que auxiliem no desempenho do aluno no processo ensino aprendizagem que venham contribuir na orientação e na autonomia do pensar do aluno como elemento significativo.

Ás dificuldades encontradas nas relações escolares, na falta de respeito entre alunos e professores, não tem apresentado bons resultados no processo de ensino aprendizagem, com isso verifica-se que as preocupações dos docentes está vinculada a falta de afetividade nas relações destes protagonistas ocasionando por vezes aspectos de disciplina e indisciplina entre estes.

A escola é um ambiente de diversidade, uma vez que abriga um grande número de identidades e culturas diversas. Isso demonstra que a escola, também tem como função social dever de propiciar um ambiente estável e seguro, onde as crianças se sintam bem, facilitando a relação professor e aluno buscando alternativas para o êxito destas relações, conhecimento e promoção da aprendizagem.

Desde a altura de lactente, e especialmente através da interação com a mãe, a criança vai adquirindo a consciência de si mesmo. Numa primeira etapa a criança vê-se a ela própria como o centro do universo. Este egocentrismo aparece por uma tendência inata de subsistência. Acriança é inocente e é o objeto do cuidado e mimo de todos. Contudo, à medida que crescem seus pais, os seus professores, os seus amiguinhos irão lhe ensinando que não irá desfrutar sozinho de tudo o que é seu, deve aprender a partilhar e a brincar com os outros. Na convivência humana a companhia, a colaboração, o respeito e a solidariedade são ingredientes básicos para que qualquer relação venha a ter êxito afirmando a sua autoestima e adquirindo um autoconceito equilibrado e harmonioso.



3.1- RELAÇÃO PROFESSOR X ALUNO



A escola, enquanto oportuniza a relação professor e aluno que são de suma importância para que a formação da autoestima seja pautada em segurança, autonomia de ideias, cabe ao professor aprender que para exercer sua real função necessita-se combinar autoridade, respeito e afetividade contribuindo aos conceitos que o próprio aluno tenha de si e favoreça oportunidade para seu desempenho escolar e de sua vida como um todo.

Deve-se pensar a escola como um ambiente atrativo para professores, alunos para que estes possam se sentir convidados a participar do conhecimento que no dia a dia é construída por professores e alunos, aproveitando o conhecimento prévio que é trazido por todos.

A afetividade e a autoestima é uma constante preocupação nos espaços escolares e se ampliando a outros segmentos da sociedade que apresentam essas abordagens em seus discursos e buscam práticas que possam condizer com o que acreditam verdadeiramente.

Acreditando nisto, ANTUNES (1996, p.56) afirma que a relação professor e aluno devem ser baseados em afetividade e sinceridade, pois: Se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela não aprenderá, então está certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no desempenho da classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro humano é muito sensível a essa expectativa sobre o desempenho.

O professor em muitos casos é visto como força estimuladora para despertar nos alunos motivação e interesse para as atividades. o professor estimula sentimentos, instiga a curiosidade, relata de forma sugestiva um acontecimento, enriquecendo o tema e instigando o aluno a aprender.

Entretanto, o professor apropriando-se de pensamentos de teóricos como Wallon, Piaget e Vygotsky, para basear suas ações pedagógicas e transformar a relação professor e aluno em um momento mais rico no processo ensino-aprendizagem com atitudes de sensibilidade em relação ao outro no sentido do respeito e compreensão.

Nesse sentido, podemos afirmar que o conhecimento de fatos reais nos espaços escolares é preocupante, o crescente número de casos nos mostram alunos envolvidos em agressões verbais entre colegas e professores, demonstram em parte a falta de carência afetiva tanto familiar como social, associado ao conceito negativo que o aluno tem de si e do respeito pelo outro. Sabe-se, no entanto, que a escola não é a solução para todas as dificuldades existentes do ser humano, porém, como função social na formação do cidadão como sujeito construtor do seu contexto histórico, pode e deve contribuir para mudanças significativas na relação professor e aluno, primando pela afetividade que deverá estar presente nas práticas pedagógicas que ofereçam condições para que em outros setores sejam retratadas esta relação.

De acordo com TIBA (1999), “cuidar é mais que um ato, é uma atitude”, portanto abrange mais que um momento de atenção, de zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo. Nesta perspectiva, é preciso cuidar da terra antes e depois da semente ser lançada, para que a planta possa crescer, florescer e dar bons frutos. Por conseguinte, para a construção da autoestima é necessário buscar a responsabilidade e não a culpa, criar um clima de confiança que estabeleça uma relação de aceitação, compreensão e respeito, sentimentos que ajudam a trabalhar sentimentos emocionais que bloqueiam condutas inadequadas. A modificação de um comportamento negativo por parte do aluno é entendida pelo professor como resultado de um processo de desenvolvimento pessoal positivo. No entanto, alguns professores desconhecem que uma relação afetiva com seus alunos que os admiram e estão preocupados em serem iguais a eles, acabando por imitá-los em suas atitudes. Se os professores percebessem essa imitação sem dúvida procurariam policiar suas palavras e posturas.

Esperam-se mudanças na educação a partir de conscientização de novas metodologias que insiram cada vez mais o aluno em uma vida escolar que retrate sua realidade e que busque a contextualização, porém, olhando-se de outro prisma, a solução para a educação pode estar no afeto. Afeto este que inclua e que proporcione crescimento e valorização do ser humano e reconhecimento pessoal como sujeito ativo na construção da história. Mais do que aula, muitas vezes o aluno vai para a sala de aula em busca de respostas que esclareçam o seu verdadeiro papel na sociedade. Considera esta escola, como grupo social que pode contribuir para sua formação como cidadão e, na maioria das vezes, o professor não se preocupa com o "tipo" de aluno que está convivendo, muito menos, em estabelecer um vínculo afetivo mais forte nesta relação favorecendo atitudes positivas que favoreçam na formação da auto estimado aluno.

Neste sentido, a emoção será compreendida dependendo da ativação ou redução da afetividade, no entanto, o autocontrole não é uma habilidade que se desenvolve "naturalmente" dada à maturação temporal da criança. Todas precisam de uma aprendizagem específica, pois uma relação é algo que se constrói dia-a-dia, no entendimento de si e do outro.

Por isso, é preciso que se tenha cuidado com as palavras escolhidas para a comunicação, levando em consideração o tom de voz que deve ser firme e não acusador e padrões de linguagem que encorajem a auto avaliação e o auto-monitoramento por parte da própria criança, fazendo com que ela aprenda a amar-se, conhecendo seus limites pedindo ajuda quando necessário.

O poder que um adulto que inspira autoridade moral à criança tem sobre o desenvolvimento da sua autoestima, é incalculável. Daí que os pais, os professores e os adultos que têm ascendência sobre as crianças, devem ser cuidadosos na sua influência. Como a criança não é alheia ao impacto da cultura em que vive, os adultos que a cercam devem estar atentos para os guiarem com sabedoria na formação de uma autoestima positiva, correta e generosa, mas não exagerada nem individualista .

Finalmente, temos de recordar que os extremos perigosos para o desenvolvimento do autoconceito infantil são tanto o abandono (despreocupação, permissividade, ausência de disciplina e complacência com todos os gostos e caprichos da criança), como a rigidez excessiva e a super proteção. Aprender o valor do autocontrole na infância não significa apenas ser passivo, pelo contrário, significa ter capacidade de discriminar os contextos apropriados para falar, brincar, rir... É preciso aproveitar o melhor das possibilidades da infância nas diferentes situações, de forma a beneficiar-se com o que tais situações podem proporcionar ao seu desenvolvimento. Crianças não aprendem sozinhas, precisam de apoio para aprender a manter seu comportamento direcionado a uma meta, com aprendizagem consistente de valores que as guiem.

Segundo BRlGGS (2000), a autoestima das crianças não é formada unicamente em uma fase, mas eternamente construída e sujeita a mudanças, por isso a base familiar e escolar desta criança deve ser segura e confiante para que possa superar as dificuldades da vida com mais facilidade. A escola está, a todo o momento, buscando mudanças para que possa melhorar a qualidade do ensino e, o professor em sua formação continuada tem contato com novas metodologias que sugerem o respeito pela produção do aluno, valorizando o que consegue fazer e incentivando o que pode vir a fazer.

Necessariamente o professor deve rever as práticas pedagógicas que apenas preocupar-se com o conteúdo a ser trabalhado, avaliando somente o lado cognitivo, e com isso, desprezando o que o aluno tem a oferecer ou precisa receber, que é a afetividade nesta relação, favorecendo assim, um melhor, desempenho.

No entanto, alguns professores tem em esta mudança na postura por considerar liberalismo sem repressão, despertando no aluno a rebeldia, agressividade por não referencial de limites, porém, o que se pretende não é tirar a autoridade pedagógica do professor, mas sim, o autoritarismo que faz da relação escolar, um momento de dor, medo e lembranças tristes. Neste momento, observa-se que todos nós lembramos de alguns professores que marcaram nossa vida, uns de maneira alegre e amorosa, outros de forma dolorosa, por ter nos feito passar por situações vexatórias ou humilhantes diante da turma.

Desta forma, o aluno também tem o direito de receber tratamento que o respeite enquanto cidadão e que trate o outro da forma como vem recebendo atenção. Vale ressaltar que, todas as relações, iniciam a partir do momento que as limitações de um são respeitadas, o que favorece o reconhecimento das limitações do outro. A afetividade nas relações deve ser recíproca e permeada em valores verdadeiramente humanos. Ensinar e aprender é o estabelecimento de uma relação de causa e efeito, é produto da troca das informações e das experiências pessoais entre aprendiz e mestre. Nessa troca ninguém sai ileso e os resultados serão marcantes e especiais, na medida em que marcantes e especiais forem o empenho, a responsabilidade e as influências mútuas de quem ensina aprendendo e de quem aprende se educando.

Neste relacionamento educador-educando o vínculo afetivo será um grande facilitador no processo de ensino-aprendizagem, pois, pela criação de um forte vínculo afetivo, a criança não se sentirá sozinha, facilitando, assim, seu aprendizado. Mesmo onde cada criança o cativa, ou seja, qual o motivo de se sentir atraído ou repelido por algumas delas. Incentivar o espírito de cooperação; não deixar que os alunos entrem em clima de competição.

Permitir uma relação social saudável e positiva - pois se o indivíduo tem uma boa relação consigo próprio, será mais fácil de transpor para os outros que o rodeiam; Desenvolver a criatividade - pois para se trabalhar a criatividade, será necessário que o indivíduo se sinta confiante e que acredite que é capaz de desenvolver e de criar algo.

A autoestima de uma criança afeta, influencia e condiciona a aprendizagem. Se não, pensemos que, para adquirirmos qualquer ideia nova temos que estar "disponíveis" para essa aquisição, isto é, se não acreditarmos que temos capacidade para compreendê-la, para reter uma matéria ou perceber uma fórmula, não chegaremos a ter motivação suficiente para investir nessa nova tarefa. Os comentários destrutivos dos pais, professores e colegas são muitas vezes formas de acentuar desespero e a intolerância à frustração, todas as experiências negativas vão reforçar esta característica e fazer com que o tão desejado sucesso escolar, fique cada vez mais distante e difícil.

É o sentimento que faz com que a pessoa goste de si mesma. Aprecie o que faz e aprove suas atitudes. Trata-se de um dos mais importantes ingredientes do nosso comportamento. (TIBA, 1999, p:157).



Precisamente, quando Roger diz que a autoestima é consciente refere-se a que todas as pessoas, desde a sua infância e ao longo da vida, vão tomando consciência, nem sempre acertada, das suas próprias atitudes, qualidades e do grau de aprovação social que recebe. Também constata os seus fracassos, desilusões, incapacidades e limitações. Estas percepções constituem um crédito ou um débito na conta pessoal do indivíduo face à sociedade.

A criança interage livremente com aquilo que descobre à sua volta, sem a influência de ideias preconcebidas. Manipula, experimenta e explora. A criança, cuja curiosidade é aceita como válida, recebe a luz verde para aprender.

As crianças não só precisam de uma atmosfera que estimule a curiosidade e a exploração, como também precisam de amplos contatos com uma grande variedade de experiências.

Para BRIGSS (2000, p.162), Toda criança precisa do máximo de experiência direta possível. Só dessa maneira ela pode chegar a conhecer o seu ambiente pessoal. As escolas oferecem, evidentemente, grande ênfase à palavra falada e a escrita, uma prática utilizada no lar, que desenvolve uma habilidade muito valorizada na escola, a linguagem escrita. No entanto, podemos estimular a criança a falar através dos exemplos familiares respeitando as suas ideias e sentimentos. A comunicação realmente aberta só floresce num clima de segurança.

Saber ouvir alguém, pensar a respeito do que foi dito por essa pessoa,é uma forma de valorizar aquilo que ela falou, é a melhor maneira de iniciar um relacionamento, pois, todas as pessoas têm necessidade de serem ouvidas.

Assim, quando se age desta maneira, caminha-se na direção de um diálogo franco, aberto, tendo oportunidade de descobrir o que a outra pessoa realmente quer. A maior dificuldade encontrada em sala de aula está relacionada à necessidade que os alunos têm de serem ouvidos, respeitados em suas ideias e como sujeitos construtores da história cultural. Logo, apresenta comportamentos diferenciados para serem notados e assim, conseguirem a atenção do outro, geralmente, do professor.

Uma prática que está se tomando comum em algumas escolas é de encaminhar a criança que apresenta este comportamento ao Serviço de Orientação Educacional. O orientador ao ouvir essa criança sabe que seu retomo a sala será com outra postura, haja vista que conseguiu ser ouvido e trocou ideias com o outro, atitude esta que o faz sentir respeitado. Sabe-se que não se pode atribuir a todo tipo de inadequação em sala de aula do aluno um problema de autoestima, porém, em sua grande maioria é a razão das dificuldades nos relacionamentos. Por isso, a necessidade de valorização pessoal de cada um contribui para um bom desempenho do aluno quer na vida escolar como pessoal. Vale ressaltar que sempre que a criança apresenta alguma dificuldade em aprender é importante descobrir a causa. A criança, cujas necessidades emocionais não são satisfeitas, tem menos probabilidade de conseguir êxito na escola. O homem com fome, não tem motivação para aprender. Ele tem, primeiro, que matar sua fome para depois se concentrar no estudo. A criança que está convencida de ser um fracasso tem pouca motivação para tentar. E a criança com um acúmulo de repressão, não tem muita energia para enfrentar os desafios da escola, porém, os desafios tomam-se interessantes quando se pode enfrentá-Ios e a autoconfiança é o primeiro segredo do sucesso.

BRIGGS (2000, p.169) afirma em suas observações e análises que:



A causa mais comum do bloqueio ao aprendizado, particularmente em crianças de famílias da classe média, vem da pressão indevida que sofrem para atingir certas metas que estão além de sua capacidade.



No entanto o excesso de ambição é recebido pela criança como falta de aceitação, Expectativas muito altas significam decepções grandes. E as decepções prejudicam a autoestima. Elas acabam com a energia e a criança passa a ter menos interesse e curiosidade. Outro obstáculo ao crescimento intelectual é uma disciplina tolerante, protetora ou rígida demais. Os pais dominadores aumentam a hostilidade, a dependência e a inadequação - sentimentos que bloqueiam o funcionamento intelectual. Pais excessivamente protetores, ou pais que se recusam a estabelecer limitações fazem com que as crianças se sintam incapazes e não amadas. Essas atitudes são negativas para a autoestima, que por sua vez afeta a motivação de aprender. A disciplina democrática desenvolve o crescimento intelectual, estimulando a participação, o raciocínio, o pensamento criativo e a responsabilidade. A divisão do poder no estabelecimento de regras tem um papel importante no estímulo à competência mental.

O estudo de Goleman abordado por BRIGGS (2000, p.172), mostra que o maior fator para motivar acriança a aprender é a imagem que tem de si, é o sentimento de que "Eu tenho certo controle do meu destino". Verificou-se também nesse estudo que as crianças que apresentavam facilidade em aprender, tinham sua autoconfiança intensificada à medida que essa facilidade aumentava com o tempo. Elas tinham confiança, a certeza de serem amadas, estavam à vontade com os outros, pensavam de maneira mais original. Em suma, apresentavam as características de uma elevada autoestima, Entretanto, as crianças que eram dependentes, menos seguras de serem amadas, menos capazes de participar de projetos próprios, e que precisavam de muita atenção, apresentaram dificuldades de aprender. Diante do estudo, observou-se que uma autoestima elevada afeta acentuadamente o modo pelo qual a criança utiliza as habilidades de que dispõe, é certo que outro obstáculo ao aprendizado surge quando as linhas de comunicação estão obstruídas, ou fechadas. Quando pais e filhos interessam-se carinhosamente pelas atividades mútuas e, quando os filhos se sentem seguros em partilhar suas ideias e seus sentimentos, o crescimento cognitivo e emocional é estimulado.

Ao examinar os obstáculos do aprendizado não se pode desconhecer a importância das boas escolas, dos professores influentes e dos currículos flexíveis, ligados aos interesses das crianças. As crianças autoconfiantes e motivadas podem perder o estímulo de aprender quando se veem em salas de aula muito cheias, com professores incompetentes que usam metodologias ultrapassadas.

Além disso, quando as crianças têm uma participação ativa nas atividades escolares que estão de acordo com seus interesses, elas reagem de maneira muito diferente do que quando são tratadas como simples recipientes vazios, onde se despeja o conhecimento velho dos manuais.

A compreensão das coisas que atingem as crianças proporciona um instrumento para verificar o clima que lhe é oferecido, o que pode detectar áreas que precisam ser mudadas. E, o que é mais importante, contribui muito para poupar os professores e as crianças dos resultados de uma atitude baseada na tentativa e erro, na experimentação.

BRIGGS (2000, p.7) define a importância da afetividade na vida de uma criança como: "Ajudar as crianças a desenvolver sua autoestima é a chave de uma aprendizagem bem-sucedida". Logo, as intenções dos professores terão maiores possibilidades de se concretizarem se as convivências com os alunos lhes proporcionarem satisfação por serem quem são. Não se pode desconhecer, ou Ignorar, a característica mais importante da criança - seu grau de autorrespeito.

Geralmente pais e professores querem evitar o mau comportamento das crianças sempre que possível. A disciplina é um assunto muito importante e, se souber que o comportamento corresponde à autoimagem, poderá ver que uma das causas do mau comportamento é um autoconceito negativo. A criança que se considera má modela seus atos para que se enquadrem nesta concepção.

Ela desempenha o papel que lhe é atribuído Normalmente, quanto pior o comportamento da criança, mais ela é censurada, punida ou rejeitada, E, em consequência, mais profunda se torna a sua convicção íntima de que é "má". O mau comportamento crônico pode se basear numa visão deformada do eu, embora uma autoestima precária não seja a única causa do mau comportamento.

Pensar na construção de uma sociedade escolar mais justa e solidária é refletir sobre os valores e afetos que fazem a diferença humana nas relações escolares no dia-a-dia. Através deste estudo foi possível confirmar as expectativas sobre a educação que MENEZES (2000, p.13) acredita como, "a boa educação é aquela que promove gostosamente a diferença humana, preparando para a vida". Nesta perspectiva verifica-se que afetividade, moral e educação estão intrinsecamente ligadas à aprendizagem. A afetividade influencia de maneira significativa à forma pelas quais os seres humanos resolvem os conflitos de natureza moral. A organização do pensamento prepondera o sentimento, e o sentir também configura a forma de pensar. Nesse sentido, a afetividade perpassa o funcionamento psíquico, assumindo papel organizativo nas ações e reações.

Ao destacar a capacidade moral autônoma de resolver os conflitos do cotidiano, busca-se pensar em uma escola que trabalhe o estado emocional de todos os profissionais de forma positiva, baseada na confiança, respeito, satisfação interna, para assim desempenhar de maneira eficiente seu papel.

Família e escola devem trabalhar juntas para ajudar a criança a desenvolver todas as partes de si mesma, de modo a ser livre para aprender e ensinar. Só o respeito à sua total originalidade permite à criança o desenvolvimento da própria capacidade individual.

Logo, a apreciação da natureza humana é fundamental para a autoestima na vida de toda criança. Vale ressaltar que, os seres humanos adaptam-se e ajustam-se até mesmo aos ambientes psicológicos mais desfavoráveis, portanto, a tendência para um desenvolvimento sadio floresce até mesmo nas pessoas que tiveram poucos estímulos psicológicos e que já estão em idade avançada.

Algumas escolas adotam ainda práticas que valorizam o crescimento cognitivo dos alunos desconsiderando o emocional, por isso as crianças terão mais probabilidade de efetuar o que prometem se participarem de um clima que lhes permitam crescer no momento adequado, à sua própria maneira.

As crianças precisam de compreensão afetiva quando atravessar o difícil caminho da dependência para a independência. Se forem dados os elementos básicos necessários, elas só terão como alternativa gostar de si próprias. Uma autoestima elevada baseia-se na convicção que a criança tem que ser amada e valorizada, precisando saber que é importante justamente porque existe. Ao sentir-se competente para lidar consigo mesma e com o ambiente que a cerca, a criança percebe que tem algo para oferecer aos outros, por isso a autoestima elevada não é pretensão: é a tranquila aceitação da criança em ser quem é. É fundamental que os professores saibam que toda a criança tem o potencial de gostar de si mesma, e que aprende a ver a si mesma tal qual as pessoas importantes que a cercam a veem, pois, ela constrói sua autoimagem a partir das palavras, da linguagem corporal, das atitudes e dos julgamentos dos outros.

A promoção da afetividade é um terreno em que se toma difícil propor sugestões já que as necessidades das crianças são diferentes. Assim, por exemplo, o que é útil para uma criança impulsiva pode não ser para uma inibida, daí a necessidade do uso de recursos e metodologias variadas pelo professor.

Neste sentido, a escola deve ser um ambiente aberto ao debate da cidadania, da liberdade, da responsabilidade, da justiça social, do respeito. Uma organização que aprende e que e que seja capaz de ensinar. O aluno deve apresentar um comportamento ativo e livre no processo de aprendizagem, dando-lhe uma sensação de autodireção e decisão. As escolas devem também se preocupar com a formação deste professor que hoje tem um perfil de mediador, de orientador no processo ensino-aprendizagem, buscando ou formando profissionais que incluam em sua visão educacional a dimensão emocional como fundamental para o bom desempenho do aluno.

GODOY (1997, p.35) descreve a importância de alguns aspectos que propiciam o aprender como: Aspectos como autoconhecimento, autonomia e autorregulação de condutas são um desafio para qualquer educador, mas não se podem considerar como impossíveis se serem trabalhadas quando se propiciem atividades de reflexão sobre o autoconhecimento e auto-aceitação. Essas e outras atividades podem ser inseridas no dia-a-dia escolar sem riscos de prejuízos ao desenvolvimento dos conteúdos programáticos, acrescentando e enriquecendo conteúdos. É fundamental valorizar a atividade docente como um ato de amor e competência. A formação pela vida e para a vida perpassa caminhos complexos. Somente a partir do conhecimento e do comprometimento é que construiremos um futuro melhor, mais amável e lúdico, com pessoas cada vez mais completas em todos os seus aspectos (afetivo, social, cognitivo etc.). É importante ressaltar que o funcionamento psíquico humano não é composto somente pelos aspectos cognitivos, mas que os sentimentos e emoções também configuram o pensamento.





3.2 - A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA



Entre os agentes de maior influência sobre a autoestima das crianças estão os pais. Nas suas mãos têm a responsabilidade e o poder de ir formando nos seus filhos esse claro e equilibrado conceito de si mesmos, evitando que adquiram traços indesejáveis na sua personalidade.

As crianças vão desenvolvendo e afirmando a sua autoestima, em boa medida, a partir das atitudes dos pais e adultos, das quais podem nutrir-se positivamente, através de um tipo de educação que os faça dignos de confiança e apreço por si mesmos.

Os amigos e colegas de escola também colaboram na formação da autoestima das outras crianças. Na verdade, as crianças comparam-se umas com as outras continuamente na realização das suas tarefas.

Quando uma criança percebe que os seus progressos são inferiores aos da maioria, vai formando um fraco conceito de si mesma. Se esta ideia de incompetência se vê, além disso, reforçada pelo professor, a família ou os seus próprios companheiros (que costumam ser diretos nas suas expressões e, por vezes, cruéis), o conceito de si mesmo sucumbe até níveis ínfimos, os quais incapacitam o indivíduo de levar a cabo as tarefas mais simples.

Este efeito pode ser contraposto com êxito pela família. Os pais que desejem um autoconceito saudável para os seus filhos devem amá-los, respeitá-los, incentivá-los e valorizar o que realizam com trabalho e esforço.

Aos três anos ou inclusivamente antes, segundo muitos especialistas- as crianças começam a ter consciência do apreço de si mesmas. Ao princípio esta percepção é global e sintética, mas até aos oito anos, aproximadamente, torna-se mais crítica.

O tom afetivo dos pais num ambiente cordial, acolhedor e seguro constituem o melhor alimento para nutrir a autoestima. Quando faltam estes contatos de apreço e valorização, as crianças sentem-se estranhas, diminuídas e começam a manifestar sintomas de complexos ou sentimentos de inferioridade.

Quando os pais não têm em conta este tipo de regras vão destruindo a autoestima e formando na intimidade infantil resíduos de dor, incapacidade, temor e pouco valor. O resultado costuma ser: adolescentes apáticos, rebeldes, inconformados, renegados, tímidos ou agressivos, não só com a sociedade, mas consigo mesmos.

Os pais, portanto, devem assegurar-se de que as crianças sejam conscientes dos seus valores e qualidades. Também lhes devem falar do sentimento de autoestima e de quão influente ele é no desenvolvimento da personalidade, não só deles mesmos, mas também dos seus colegas e amigos. As boas compreensões destes temas os farão mais ponderados quando se lhes apresente a oportunidade de se rirem de outra criança à custa da sua incapacidade.

Para SISTO (2000), a pesquisa realizada com jovens da cidade de Campinas foi uma considerável colaboração para os estudos sobre afetividade, pois teve como objetivo verificar se a autoestima pode ser alterada numa situação de provação. A pesquisa também observa que, durante todas as fases da vida, desde a infância, a adolescência e a fase adulta a autoestima passa por mudanças, ocasionadas pelas situações e pelo próprio contexto social vivido.

Ninguém nasce bom ou mau, porém o autoconceito que cada um tem de si e a visão que o próprio mundo tem de cada pessoa, faz com que ela acredite nesta imagem e viva como tal. Assim, a pessoa marginalizada, discriminada, sente a rejeição em sua vida e passa a considerar-se inferior aos outros e na maioria das vezes pessimista, tornando-se muitas vezes agressiva, hostil ou indiferente, apática. Em contrapartida, a pessoa que é amada e em quem depositamos confiança cresce com uma imagem positiva e enfrenta os desafios que surgem com mais otimismo e segurança. Demonstra alegria, determinação e afetividade nos relacionamentos que constrói, vendo-se em cada ser humano que encontra pela frente.

Os pais devem ser francos e abertos com os seus filhos acerca dos seus próprios sentimentos de autoestima. Um dos obstáculos para superar este problema é a crença de se ser inferior, quando comparados com aqueles que aparentam sentirem-se seguros e donos das situações. Isso é um engano. Até as pessoas em situação mais elevada se sentem, por vezes, incapazes, desajeitadas e inferiores, A confissão paterna das suas próprias inseguranças não diminuirá, em absoluto, o respeito que os filhos têm pelos pais. Pelo contrário, a relação ganhará mais profundidade e os mais jovens compreender-se-ão melhor a si mesmos, uma vez que se sobreporão aos pensamentos negativos acerca da sua pessoa.

Finalmente, uma característica muito importante da autoestima é que é suscetível de ser modificada por pessoas externas ao indivíduo. A aprovação ou a crítica de alguém que a criança aprecia, fará variar o conceito que tem de si mesma. O patinho feio da literatura infantil era um pato infeliz, no entanto, tornou-se num magnífico cisne. O animal não sofreu nenhuma transformação anatômica, nem se submeteu a uma cirurgia plástica.

A criança observa o seu modelo, por isso procure sorrir sempre e cuidar do seu modo de agir diante dela.

Considerando-se tais observações não podemos nunca esquecer que a criança tem, mais que o "senso", a sensibilidade da justiça, do que lhe é justo. Portanto não deixe que faça tudo o que quer. Procure ser justo. Saiba dizer não, os limites devem ser colocados desde cedo. Quanto mais coisas ela realiza, mais segura se sente. Se necessário não tema incentivá-Ia a brincar com outras crianças, fazendo com que se relacione com pessoas diferentes. E a frente destas, que nunca se sinta envergonhada, nem ridicularizada. Um outro aspecto a lembrar é que a superproteção cria dependências em excesso. Brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança.

Enfim, cabe aos professores ajudá-Ias a acreditar em si mesmas. O que a criança pensa de si mesma é mais importante do que ela sabe. Os bons sentimentos são importantes, os educadores sabem que as crianças aprendem melhor quando estão satisfeitas com elas mesmas.A criança que se sente amada, aceita, valorizada e respeitada, adquire autonomia, confiança e aprende a amar, desenvolvendo um sentimento de autovalorização e importância. A autoestima é uma coisa que se aprende. Se uma criança tem uma opinião positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maiores condições de aprender.

O sentimento de 'não sou ninguém' levará a criança a não se esforçar muito, a não ter desejo de aprender, a ficar indiferente diante do êxito ou do fracasso. E esse sentimento pode criar problemas de aprendizagem e de comportamento.



CONSIDERAÇÕES FINAIS



A mente humana é o depósito de todas as experiências, de todos os condicionamentos que são delineados perante as exigências impostas. Faz parte da natureza errar: o grande desafio é saber aceitar as limitações e amar outros seres tão imperfeitos quanto nós. Em um mundo cada vez mais conturbado, que exige uma formação maior dos profissionais da educação responsáveis pela educação moral e afetiva do ser humano, conseguir manter princípios coerentes, na forma de pensar sobre os desafios para a aprendizagem significativa, pode ser uma arma poderosa na mão de educadores conscientes de seu papel na sociedade.

Ter como características pessoais à manutenção de estados emocionais positivos, alegres, satisfeitos e felizes podem trazer conseqüências benéficas para a educação e para os alunos de maneira específica. Por outro lado, pessoas infelizes, tristes, tendem a demonstrar maior instabilidade em sua forma de resolver conflitos de natureza moral.

A experiência entre professor e aluno promove o ser, reduz a angústia, facilita os acertos da vida, conduzindo-os a vencer desafios da afetividade e educação na conquista da aprendizagem significativa.

Diante disso, conclui-se que as crianças que vivem com expectativas realistas, encontros autênticos, cooperação nas tarefas da individualidade, aceitação compreensiva de todos os sentimentos, mesmo quando se limitam os atos e, disciplinas democráticas, se sentirão amadas.

Com esta sólida base interior, o potencial se expandirá, as crianças serão motivadas, criativas e terão um objetivo na vida. Elas se relacionarão bem com os outros, é pela forma de relacionar-se com o outro que imaginamos como as pessoas são e sua influência dos relacionamentos infantis e juvenis na vida adulta.

Ela determinará seu tempo de existência e como será observado pelas pessoas. Quando observamos suas atitudes, sua visão de mundo, sua forma de resolver diferentes situações. Não imaginamos o seu interior, sua base de formação que influenciou seu modo de ser, sua maneira de valorizar o outro.

Com este trabalho, foi possível analisar as relações existentes entre a autoestima e a aprendizagem e as suas possíveis relações e interferências para o desenvolvimento do processo educativo, bem como, observar o processo de aprendizagem da criança do ponto de vista de sua interação com o mundo exterior, reconhecendo a importância dos estímulos afetivos externos e dos processos internos de conhecimento no processo educativo.

Ficou claro que, a autoestima compõe o processo de construção e de formação integral do ser humano, assim, considerar as relações entre inteligência e autoestima é fundamental para a determinação de sua importância e de sua interferência no processo ensino-aprendizagem. Para tanto, o papel do professor como orientador desse processo é uma questão essencial na consideração da autoestima como sendo pressuposto da aprendizagem, já que a formação da autoestima tem papel importante na construção do conhecimento.





















REFERÊNCIAS



ANTUNES, Celso. Alfabetização Emocional. São Paulo: Terra, 1996.

BEAN, Reynoldet al. Adolescentes Seguros: Como aumentar a autoestima dos jovens.São Paulo: Gente, 1995.

BOCK, Ana M. Bahia et al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São

Paulo: Saraiva, 1998.

BRIGGS, Dorothy C. A autoestima do seu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.

GARCIA, Disy. Como Lidar com Alunos Desmotivados. Revista Nova Escola. Fevereiro,2003.

FREIRE, Paulo. Professora Sim, Tia Não. São Paulo: Olho D’Água, 1993.

GODOY, Eliete Aparecida de. Educação, afetividade e moral. Revista Educação e Ensino-USF. Bragança Paulista: v. 2. n. 1. p. 35. jan/jun., 1997.

LUDKE, Menga. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1996.

MENEZES, Luís CarIos. Os Novos Rumos da Educação. Revista Impressão Pedagógica.Campinas.São Paulo: Gráfica Expoente. v.9.n.21. mar/abr., 2000.

OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky. Aprendizado e desenvolvimento: Um processo

Sócio Histórico. São Paulo: Scipione, 1998. disponível no

Site http://www.revistaescola.abril.com.br/

http://www revistaeducacao.uol.com.br/

----------Para onde vai à educação? Rio de Janeiro: José Olimpio, 1988.

SEBER, Maria da Glória. Piaget O diálogo com a criança e o desenvolvimento do raciocínio. São Paulo: Scípione, 1997. Disponível em:http://www.estantevirtual.com.br/emanalivros/

SISTO, Fernandes Firmino et al. Leitura de Psicologias para formação de Professores. Riode Janeiro: Vozes, 2000.

TIBA, Içami. Disciplina: limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1999.

http://www.educacional.com.br/











Nenhum comentário: